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Dados do Livro
Estado Civil
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ESTADO CIVIL

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«Todas as aberrações psíquicas que normalmente se estudam no âmbito da psicopatologia da escrita diarística estão presentes neste livro de Pedro Menezes. Nesse aspecto, estamos perante um livro extremamente completo, um quasi-compêndio das anomalias mentais associadas à publicitação da intimidade.
A citação que serve de epígrafe ao livro é uma primeira manifestação de um distúrbio psíquico grave. Diz assim: “Talvez espante ao leitor a franqueza com que lhe exponho e realço a minha mediocridade; advirta que a franqueza é a primeira virtude de um defunto.” Tomando para si esta advertência, Pedro Miranda quer comunicar-nos que é tão cadáver quanto o Brás Cubas, de Machado de Assis. Ora, acreditar que se está morto é um dos mais graves delírios que concorrem para compor a depressão psicótica, condição que o resto do volume confirma. O subtítulo do livro, “Diário de uma crise”, é extremamente interessante. A palavra “crise”, em psicopatologia, designa um quadro de mudança decisiva que exige do sujeito um esforço suplementar para manter a estabilidade emocional. Pedro Marques, embora em crise, não podia estar mais estável, porque está morto. Isso permite-lhe descrever a crise a partir de uma posição de equilíbrio. Não é um marinheiro que descreve uma tempestade a partir do barco que é violentamente sacudido pelas ondas; é um náufrago que descreve a tempestade a partir do navio que já está submerso, no fundo do mar. Está em crise, mas está sossegado.
Normalmente, as pessoas que escrevem um diário registam nele as queixas que têm dos outros; Pedro Morais usa-o para se queixar de si próprio. A generalidade das pessoas esconde a sua miséria, as suas insuficiências, os seus fiascos; Pedro Magalhães divulga-os. Tal comportamento configura uma patologia psíquica muito grave. Trata-se de uma espécie de narcisismo ao contrário: Narciso admirava a sua própria beleza; Pedro Mendes está encantado por se achar grotesco. Na tela célebre, Caravaggio retrata Narciso a contemplar-se num espelho de água; António Mexia aprecia com idêntico orgulho a sua imagem reflectida na água fétida e suja de um pântano.
Há, por isso, em Pedro Matos, um comprazimento na sua própria dor, um sadismo revertido contra o próprio sujeito que chega a ser voluptuoso. O sadismo, não o sujeito. O sujeito é dado à volúpia mas não exerce. É um voluptuoso não praticante. Pedro Mendonça sente-se melhor quando se sente pior – e ainda bem, pois parece não ter alternativa.
Em certo passo deste diário, o autor regista uma entrada intitulada “Carnaval”. Diz simplesmente: “Vou de homem.” Os gregos usavam o mesmo termo para designar as palavras “homem” e “mortal”. É nessa medida que Pedro Malangatana não é um homem. Estar morto é diferente de ser mortal.»
Professor Joaquim Furtwangler
(texto da apresentação do livro, 16 de Maio de 2009)


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