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Nem Pai nem Mãe é um ensaio antropológico que aborda as relações de parentesco entre os macuas (Norte de Moçambique). Christian Geffray desenvolveu, entre as populações de língua macua desta região — que contam mais de três milhões de pessoas —, um longo e exaustivo trabalho de investigação em que procura descrever as práticas sociais (que a partir do segundo capítulo do livro devem ser situadas nos anos 30, nas vésperas da submissão das populações à cultura forçada colonial do algodão) destas populações, tentando restituir a coerência e a dinâmica das práticas e instituições domésticas antigas, elaborando uma espécie de modelo das relações sociais baseado em narrativas que têm por objecto os factos deste período, vividos ou contados, em testemunhos que relatam os acontecimentos e transformações surgidos durante as últimas cinco décadas, e na análise dos factos sociais contemporâneos, necessariamente encarados como os produtos de alterações sociais historicamente identificáveis. Mas o objectivo último de toda esta investigação é sem dúvida a descodificação do significado de parentesco. Serão factos sociais que o determinam? Será que o parentesco não é de facto um pacto biológico? Como dissociar a noção da palavra parentesco das palavras paternidade, maternidade, consanguinidade? Foi o que o autor procurou entender no contacto estreito que manteve com as populações da região macua no Norte de Moçambique.
