CAUSAS PERDIDAS, AS

1985. Fome na Etiópia. Numerosas organizações humanitárias são enviadas para prestar ajuda às populações, entre elas, um pequeno grupo decide passar pela Eritreia e desembarcar em Asmara. Essa antiga capital colonial italiana, intacta e nostálgica, isolada pela guerra que devasta os áridos planaltos limítrofes, fervilha de intrigas. Nesta tela barroca e sumptuosa, velhos italianos - vagas memórias do fascismo de outrora - convivem agora com os indígenas. Hilarion Grigorian, o narrador, é um deles. Arménio nascido em África no princípio do século, Hilarion observa o encontro singular entre essa juventude europeia e um país onde a beleza das mulheres, a força das paisagens e os mistérios dos feiticeiros abalam todas as certezas. É graças a ele que nos é feito o relato, a um só tempo terno e cruel, da aventura dessa missão, dos seus obstáculos, das suas vitórias.Órfãos de ideologias, alheios às grandes causas, os humanitários são pela primeira vez vistos em si mesmos, despojados dos clichés habituais. Eles revelam-nos os seus destinos individuais, os seus amores, as suas fraquezas e os dilemas profundos da sua acção. Rufin, profundo conhecedor da questão humanitária, dá-nos a conhecer o funcionamento interno das ONG s - os seus limites, os seus perigos, mas também a sua necessidade - num romance apaixonado, fruto de uma experiência e uma reflexão autênticas, que é, simultaneamente, uma obra belíssima sobre a Etiópia e o fascinante continente africano.