ANOS DE RENOVACAO

HENRY KISSINGER é uma das figuras mais influentes da história do nosso tempo. Laureado com o Prémio Nobel da Paz, é considerado um dos intelectos mais brilhantes que alguma vez estiveram ao serviço da política externa americana, bem como uma das personalidades mais perspicazes e mais bem informadas a terem ocupado uma posição de poder em Washington.

Este volume das suas memórias vem completar uma obra de vulto da história contemporânea. Trata-se, ao mesmo tempo, de um documento histórico fundamental e de uma narrativa brilhante, de intensidade quase shakespeariana, cheia de observações penetrantes, de reflexões de uma argúcia singular, de um sentido penetrante da história.

A obra inicia-se com a demissão de Richard Nixon, a avaliação definitiva da personalidade torturada de Nixon e da tragédia por este imposta a si mesmo, que deu origem à sua demissão da presidência.Um retrato íntimo e definitivo do homem que Kissinger conheceu talvez melhor do que qualquer outra pessoa. Segue-se a memória e a análise dos vários anos da administração de Gerald Ford, durante os quais Kissinger continuou a desempenhar um papel decisivo tanto na sua qualidade de secretário de Estado como enquanto símbolo da continuidade da política externa americana. Traça um retrato afectuoso do presidente Ford, apresentado como homem decente, perspicaz, corajoso e decidido, que conduziu os Estados Unidos ao longo de um período de renovação.

Kissinger fala demoradamente do período doloroso que acompanhou a saída dos Estados Unidos do Vietname - com a atitude progressivamente mais hostil de um Congresso decidido a envolver-se cada vez mais na política externa americana e o esvaziamento dos serviços secretos e as suas consequências sobre o poderio americano -, conduzindo os leitores ao interior da Casa Branca num tempo de crise.

As crises são na realidade aquilo de que mais se fala neste livro: a queda do Camboja e do Vietname do Sul, o incidente do Mayaguez, o conflito entre a Grécia e a Turquia em relação a Chipre, as origens da guerra no Líbano e, acima de tudo, a crise contínua da guerra fria, então no seu auge. Retratos de vida,cenas impressivas descritas como só alguém que as viveu e compreendeu poderia fazê-lo. O delineamento da política externa dos Estados Unidos na era Ford: a famosa diplomacia de vaivém, com que Kissinger conseguiu o feito de reunir Yitzhak Rabin e Anuar Sadate para iniciar a devolução do Sinai ao Egipto e conduzir à reconciliação final entre os dois países; o encontro de Vladivostoque com Leonid Brejnev, que impulsionou o acordo para a limitação das armas nucleares; o diálogo habilíssimo com a China; a tragédia dos Curdos; a luta pela liberdade e segurança da Europa - todas as grandes decisões, conferências e crises que estiveram na origem do mundo em que vivemos.

Presentes também as referências a Portugal. A revolução de 25 de Abril e o processo de descolonização que se lhe seguiu, com um capítulo focado em Angola, revelando as implicações da perda do domínio deste território por Portugal.

Kissinger relata em pormenor as suas visitas ao continente africano, que estiveram na origem de grandes iniciativas na África do Sul, nomeadamente a decisão histórica do governo de colonos brancos da Rodésia de aceitar o governo da maioria. Narra a história da política dos Estados Unidos na América Latina, incluindo episódios reveladores das políticas seguidas em relação a Cuba e ao Chile nos anos 70.

Retratos íntimos,sinceros, de grande agudeza e inteligência de muitos líderes mundiais: Mao Tse Tung, a provocar Kissinger com a sua característica mistura de brutalidade e extraordinária subtileza; Leonid Brejnev, tentando esconder as dificuldades cada vez maiores da União Soviética sob uma fachada de fanfarronice; uma galáxia de líderes europeus, do Médio Oriente, asiáticos, latino-americanos e africanos.

Uma obra de erudição e sabedoria histórica absolutamente singulares, escrita pelo homem que deu forma a muita da história sobre a qual escreve e que, talvez mais do que qualquer outro, ajudou a criar o mundo do pós-guerra fria, em que vivemos, e a definir as relações da América
- enquanto última superpotência - com o mundo.

Trabalho ímpar sobre a guerra fria, os bastidores da política e da diplomacia, Os Anos de Renovação é um livro que vai resistir ao teste do tempo como um documento histórico incontornável.

Henry A. Kissinger prestou juramento a 22 de Setembro de 1973 como 56.o secretário de Estado, lugar que conservou até 20 de Janeiro de 1977. Foi igualmente conselheiro do presidente para os assuntos de segurança nacional de 20 de Janeiro de 1969 a 3 de Novembro de 1975.
Entre os prémios recebidos por Henry Kissinger contam-se o Prémio Nobel da Paz, em 1973, a Presidential Medal of Freedom (a mais elevada condecoração civil norte-americana), em 1977, e a Medal of Liberty, em 1986.
Henry Kissinger nasceu em Fuerth, na Alemanha, e foi para os Estados Unidos em 1938, onde se naturalizou, em 1943. Cumpriu o serviço militar no exército entre 1943 e 1946. Licenciou-se brilhantemente em Harvard em 1950, onde veio a fazer o mestrado e o doutoramento, respectivamente em 1952 e 1954.
De 1954 a 1969 pertenceu aos quadros daquela Universidade, Departamento de Administração Pública e Centro para os Assuntos Internacionais. Foi director do Seminário Internacional de Harvard entre 1952 e 1969.
Actualmente, o Doutor Kissinger é presidente da Kissinger Associates, Inc., uma empresa internacional de consultores.